É voz corrente que nós nascemos para os grandes feitos. Fizémos os Descobrimentos, por exemplo. Fomos 3ºs no Mundial de 1966 em Inglaterra e finalistas do Euro 2004, tudo em futebol. No atletismo temos umas medalhitas de ouro olímpicas. Há a Vanessa e o Nélson e o Obikwelu, que por acaso para ser grande teve de se pôr a treinar em Espanha. Tudo coisas improváveis em tão concentrado povo nuns parcos noventa e tal mil quilómetros quadrados. O pior, é o resto. Fazer bem as coisas banais é que é o cabo dos trabalhos. Não motiva, não apetece, a coisa não sai. Por exemplo, uma feira do livro. Até nisso, por pobre que ela seja, por melhor que se pudesse ter inventado, até nisso conseguimos abrir uma guerra. É o que está a suceder em Lisboa. Não tarda, ricos como somos, mercado vasto que temos, estão a fazer-se duas feiras do livro em Lisboa. A legítima e a outra ou a outra e a legítima. Nós também somos assim. Além de vocacionados para a imemorialidade, também gostamos de milagres. Das rosas e dos livros.
(publicado no Tomar Partido)
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