segunda-feira, maio 05, 2008

Não é aceitável

Em Lisboa ainda não se percebeu o que lhe reserva o Governo entre os muitos anúncios de intervenção na cidade .

– No Mundo inteiro definem-se recortes de drama a exigir a regulação da globalização. Na
Europa há que repensar seriamente a PolíticaAgrícolaComum (PAC), pois rapidamente passará a ser sentida como criminosa uma política de limitação/inibição da produção num Mundo com fome. E infelizmente o Mundo vai ter mais fome. Haverá que relançar o investimento produtivo e reavaliar a corrida ao consumismo em que nos lançámos no Ocidente, sob pena de virmos a ser dolorosamente compelidos a fazê-lo. Há alternativas de modelo económico e social.

II – Em Lisboa ainda não se percebeu o que lhe reserva o Governo entre os muitos anúncios de intervenção na cidade. Nem Lisboa nem pelo menos alguns dos seus órgãos eleitos. É certo que esta "ausência de comunicação" pode ocorrer pela mais simples das razões: o Governo não pretende fazer coisa alguma para além do mero anúncio.

Mas podem existir muitas outras razões e de vária natureza: em nenhuma situação, porém, é aceitável este tipo de intervenção não participada cuja motivação parece demasiado óbvia.

Já não bastava o tortuoso anúncio de pilares, novas vias, nós e carros a entrar-nos pela cidade dentro, mais os vários cenários do Plano Estratégico para a Frente Tejo – com o que significa, para já, de indefinição – mais a indefinição do regime jurídico da área ribeirinha, como vem agora anunciar-se para Alcântara, a título de exemplo, um terminal de contentores duplicado, no contexto de um investimento de 407 milhões de euros.

Se o Governo consegue arrecadar tanto dinheiro para investir, e o quer fazer na cidade, que o faça dentro de um planeamento que corresponda a uma concepção de cidade amigável, definido por esta, que é tudo o que Lisboa, no seu lixo, nas suas ruas esburacadas e no seu património mal cuidado não é, apesar das inigualáveis condições que oferece.

III – No PSD, e como me foi referido, há que optar por causas a que o Partido Socialista nunca respondeu, mas também por aquelas a que já não responde e que são referências da social-democracia. É absolutamente necessário manter um espaço próprio de influência de ideias. E, para além de candidaturas que são elas próprias um adesivo, evitar que se colem adesivos às outras que o não são.

Esta lógica do ‘deixar andar’, no Mundo como nas cidades ou nos partidos não dá, de todo, bom resultado, até porque às mãos invisíveis não só nunca ninguém as viu como não se podem certificar.



Paula Teixeira da Cruz


In Correio da Manhã

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