quinta-feira, maio 01, 2008

Oposição contra novo projecto no Saldanha

A aprovação de um loteamento na esquina da Av. Casal Ribeiro com o Saldanha, em Lisboa, que possibilitará a construção de um novo edifício naquela conhecida praça lisboeta, "poderá constituir um grave precedente" para outros projectos que "venham a ser aprovados naquela área ou na Fontes Pereira de Melo, nas mesmas condições", disse ao DN a vereadora da do PCP, Rita Magrinho.
Na ordem de trabalhos da reunião do executivo municipal estava ontem agendada uma proposta subscrita pelo vereador Manuel Salgado que defendia a "aprovação e deferimento do pedido de operação de loteamento no Saldanha", apresentado pelo promotor espanhol Reyal Urbis, que comprou os imóveis devolutos da praça ao ex-dirigente do Benfica, Vítor Santos (Bibi).
Na prática, o requerente pretende construir um único edifício em dois lotes. Para tal, é necessário proceder ao emparcelamento/loteamento. Contudo, a oposição encontra neste documento e nesta intenção aspectos discutíveis. "O que tem esta proposta diferente da que foi apresentada ainda no mandato do dr. Santana Lopes e que acabou indeferida? Nada!", disse ao DN Margarida Saavedra, do PSD. A vereadora social- -democrata questiona os critérios legais para aprovar o "uso de habitação numa zona eminentemente terciária, à luz do PDM".
Além da questão dos usos, foi igualmente levantada a das cérceas e da altura. Segundo Rita Magrinho, "Este projecto tem pisos a mais. Tem 30 metros de altura ou dez pisos" e, além disso, "invoca-se a conformidade com um plano de cérceas para o Saldanha e Fontes Pereira de Melo que nunca foi aprovado e que não passa de um mero estudo, sem força legal", refere a mesma responsável.
De acordo com o autor do projecto, o arquitecto português Vasco Massapina, "propõe-se um edifício de habitação plurifamiliar, com maior incidência de tipologias de características familiares: T2 e T3". Quanto aos usos, Massapina esclarece: "A introdução da habitação no espaço da praça tende a melhorar a miscigenação funcional do local, contribuindo para o equilíbrio e segurança informal do espaço da rua/praça ao longo das 24 horas do dia." O edifício deverá ter 45 fogos por nove pisos habitacionais, com um T1, dois T2 e dois T3 por piso. Quanto ao enquadramento na área, o projectista sublinha: " A volumetria-base do edifício proposto é uma grande superfície ondulante que se implanta segundo a geometria da Praça."
Manuel Salgado reconhece que a Praça Duque de Saldanha "não é exemplar em matéria de harmonia de cérceas" e sublinha que a câmara pouco pode fazer sobre a matéria. Contudo, destaca o papel regularizador que a autarquia pode assumir no ordenamento do espaço público e irá fazê-lo", disse. À hora de fecho desta edição, a proposta ainda não tinha sido analisada.
(ISABEL G)

3 comentários:

Bic Laranja disse...

Estimo a intenção de construir habitações no Saldanha. Já o emparcelameto prenuncia demolição. Não conheço o bosquejo do que a Reyal Urbis lá quer plantar mas adivinho nova modernice que descaracterize mais o lugar. Isso é angustiannte. A cidade de Lisboa teve em cada tempo planos e estilos de expansão característicos de época. Cada área, zona ou bairro deveria ser considerada por todos os poderes e pelos lisboetas como uma unidade característica a preservar.
Estou cansado de abjecções arquitectónicas fora do contexto dos bairros e de ninguém ligar nada a isso.
Cumpts.

Anónimo disse...

Há zonas de Lisboa especialmente martirizadas ("desenvolvidas", no linguajar oficial). O Saldanha é uma delas. Não basta estar sujeito a uma pressão de tráfego tremenda, suporta sucessivas obras de grande vulto, que mais parecem decisões avulsas, tomadas ano após ano, após ano. Vai abaixo um grande edifício, feito para durar séculos, altera-se o traçado da praça, abre-se e fecha-se o solo para modernizar uma rede de metropolitano já feita (e sucessivamente actualizada) a pensar no passado. Opta-se uma e outra vez por demolir - todos os intervenientes numa obra ganham mais demolindo, bem sei.

O mais espantoso é que é bem capaz de haver quem, depois de tudo isto - "durante tudo isto", porque as coisas não vão seguramente ficar por aqui (há por lá bem mais prédios "devolutos", à espera da sua vez) - pague uma fortuna para lá ir viver.

Suportar feliz (presume-se), a mistura de fumos de escape, de poeira e lama de obras (públicas ou privadas) que inevitavelmente os anos ainda trarão por ali, o barulho, o tráfego e - delicioso argumento - a "segurança informal".

Que deve ser aquela com que ainda poderemos contar...

Costa

Anónimo disse...

grão-a-grão...e mais uma cavesita com mais centenas de lugares de estacionamento a adicionar ao meio milhão que entra em Lisboa... esquizofrenia no discurso e decisão.