quarta-feira, julho 11, 2007

Lisboa a votos: a frente ribeirinha

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Entre outras coisas, vai ser preciso reduzir (e bem) as competências próprias da Administração do Porto de Lisboa. Até aqui, nada contra. Em si mesmo, o projecto é louvável. Mas numa cidade que está a cair aos bocados, cada vez mais suja — por causa das obras do metro, a zona envolvente do Saldanha parece Ramallah em dia de intifada, como se não houvesse procedimentos para obviar à inevitabilidade das obras —, com cada vez mais carros, esta preocupação com a “frente do Tejo” é uma falsa questão. A frente ribeirinha recuperada, vulgo Docas, está toda pensada para automobilistas. Um turista que ande a pé pela Avenida da Índia e chegue à bifurcação da Rua de Cascais (a Rua de Cascais é a que engata com a João de Oliveira Miguens, que liga à Avenida de Ceuta a partir da Praça General Domingos Oliveira), faz o quê? Arrisca ser atropelado? Vai a pé por viadutos reservados a automóveis? Descobre por mero acaso a passagem subterrânea de acesso à estação de comboios de Alcântara, dispondo-se a uma gincana entre poças de urina? De que é que serve uma frente ribeirinha se ela impõe o uso do carro? Era este tipo de questões que gostava de ver discutidas pelo candidatos à Câmara de Lisboa. Mas nenhum dá um pio.
(Maria Isabel G)

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