À semelhança do que ocorreu comigo, estou certa de que foi difícil não sentir um calafrio perante as imagens do incêndio na Avenida de Liberdade. Apesar do trabalho excelente dos bombeiros, do lado de cá do écran temia-se o pior. Não eram imagens de um mercado em Londres ou de residências na California. Era praticamente ao fim das nossas ruas, local que identificámos como um dos nossos trajectos, um cenário que muitos já viram ali bem perto, tragicamente bem perto.
Depois vimos as idosas retiradas de suas casas, de robe, visivelmente abatidas. Umas teriam famílias que as amparassem, outras talvez nem isso.
As imagens de desvatação noutros locais não largam as nossas memórias e esperamos que a água apague depressa as chamas que não desistem de brilhar no escuro.
Em rodapé, surge a informação de que os carros nos passeios dificultam o trabalho dos bombeiros, veêm-se os reboques e o jornalista fala da sabedoria dos profissionais em contornar as situações.
É quando pensamos em nós, em situações a que somos expostos, e falo por mim, tantas vezes com as nossas casas e as dos nossos, com os acessos bloquedos pela estupidez e pelo egoísmo de quem afronta o risco, dos outros, claro. E quando os homens não querem ouvir o medo e o temor de tragédias, recordo sempre o que gente sábia diz na minha aldeia :" Deus não quer."
(Isabel G)
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