sexta-feira, julho 11, 2008

RADARES DE LISBOA: CÂMARA DESLIGADA


Vários radares fixos da cidade de Lisboa estão avariados, e milhares de coimas estão por processar e por cobrar.

A ACA-M acaba de enviar um requerimento à CML pedindo informação sobre os radares fixos avariados desde há meses na cidade de Lisboa, e sobre as recorrentes falhas de transmissão entre os equipamentos e o posto de comando da Polícia Municipal (ver AQUI).

Acabámos também de enviar um requerimento à ANSR pedindo informação sobre o número de coimas que ficaram por processar e por cobrar em 2007 e 2008, relativamente a infracções por excesso de velocidade detectadas pelos radares da CML - isto é, por aqueles que ainda funcionam (ver AQUI).

Num acto de demagógica propaganda, a CML anunciou ontem que os " 21 radares em Lisboa registaram 80.307 excessos de velocidade no primeiro semestre deste ano, o que traduz uma diminuição de 69,3 por cento face às 261.770 ocorrências registadas no segundo semestre de 2007".

Mas tal não significa que os radares sejam um efectivo indutor de redução de velocidade. Significam sobretudo que o sistema está - voluntária ou involuntariamente - a funcionar mal. Há cada vez mais condutores a não ligarem aos radares, e a CML não tem contracto de manutenção com a empresa que os montou - o que resulta em que as reparações são demasiado onerosas e, porque feitas avulsamente, tardam a ser efectuadas.

Bastou um ano para que a CML conseguisse descredibilizar o sistema que tinha montado. É perigoso para os utentes e é um atentado aos contribuintes.

Mas a presente vereação da mobilidade da CML não se limitou a descredibilizar o sistema de radares. Não querendo assumir a política de segurança rodoviária da vereação anterior, tem demonstrado uma preocupante incapacidade para executar as medidas aprovadas pelo executivo e/ou anunciadas pela vereação:

- não sabe o que fazer aos radares e por isso criou uma comissão que não funciona e nada decide;

- não concretizou a medida das zonas trinta, vinda da vereação anterior;

- desfez algumas das alterações aos semáforos que beneficiavam o peão - nas Av. República e Av. Liberdade;

- não cumpriu a promessa de melhorar a segurança na 2ª Circular;

- não cumpriu a promessa de resolver até Maio deste os vinte pontos negros que identificou;

- não cumpriu a promessa de repintar todas as passadeiras junto das escolas;

- a medida da tolerância zero ao estacionamento em segunda fila não teve consequência; após duas ou três semanas de fiscalização em Setembro/Outubro, está hoje suspensa;

- não procedeu à expansão da rede de faixas BUS;

- não concretizou praticamente nenhuma das medidas que o executivo camarário aprovou desde Agosto de 2007.

4 comentários:

Miguel Carvalho disse...

A expansão das faixas BUS é das medidas mais consensuais e mais fáceis de tomar... desde o João Soares que me lembro de se falar nesta "expansão" e descontando aqueles metritos na Rua da Junqueira, pouco deve ter acontecido.

Inexplicável

Ricardo disse...

Acho que tem tudo a ver com a mentalidade vigente no país. Tudo começa com quem tem a obrigação de manter as coisas a funcionar e acaba com quem tem que cumprir. Ainda há poucos anos, em Espanha, vigorou a caça à multa. As pessoas começaram a pagar as multas e viram que aquilo ficava caro. Hoje em dia suponho que poucos espanhóis saem da linha. Quando querem carregar no acelerador já sabem que fazem uns quilómetros mais e vêm a Portugal onde existe zona franca para eles. Por aqui as instituições não agem com o rigor que lhes é devido e inventam todos os pretextos para não o fazer. Ainda há dois anos, num dia de greve do Metro, decidi levar o carro para perto do trabalho, estacionei onde habitualmente tanta gente estacionava e fui multado. Paguei a multa e depois reclamei pela injustiça de, num dia de difícil deslocação, um polícia zeloso me ter multado no mesmo local em que diariamente outros condutores estacionam sem serem penalizados. Reclamei para a instituição correcta, aquela a quem paguei a multa, mas recebi um ofício uns meses mais tarde a dizer que a minha carta tinha sido reencaminhada para outra instituição(!).
Para quê gastar dinheiro em radares se há formas muito mais práticas de reduzir a velocidade de que as lombas na estrada me parecem a forma mais fácil? Moro num local dentro da cidade de Lisboa em que muitos carros, apesar das passadeiras existentes, atingem velocidades muito perto dos 80 ou 90 km/h. Propus há dois anos à junta de freguesia que elevasse as passadeiras e responderam-me que tinham enviado o meu pedido para a câmara. Até hoje!

Anónimo disse...

Pois é....meus caros. Neste continente, existem soluções para todo o tipo de problemas. Em Portugal....brinca-se às soluções e, o Zé povinho aplaude. Estes tipos de problema, só não os resolve, que não quer resolver.

JA

Carlos Medina Ribeiro disse...

Não basta criar faixas-BUS, é preciso também vigiá-las, reprimindo o uso individo.

A da Av. das Forças Armadas (do lado descendente), p. ex., é um paraíso para os chicos-espertos e, em anos e anos, nunca vi UM ÚNICO a ser multado...