segunda-feira, julho 02, 2007

"É o inferno do trânsito lisboeta", dizem eles

Em resposta a um questionário da Lusa, leio no Público de hoje um artigo com o título:"É o inferno do trânsito lisboeta que os irrita mais", sendo que "O estacionamento ilegal foi o obstáculo que mais candidatos a presidente da Câmara Municipal de Lisboa disseram encontrar no dia-a-dia enquanto utilizadores da cidade".
Carmona Rodrigues afirmou sentir os problemas do "estacionamento ilegal em cima de passeios", como peão, e do "estacionamento em segunda fila", como condutor.
Telmo Correia apontou "o estacionamento em segunda fila, que entope as ruas", como obstáculo, considerando que tem como origem "a falta de lugares para estacionar".
Nenhum outro candidato se queixou da falta de estacionamento.
Pedro Quartin Graça, do MPT, e José Sá Fernandes, do BE, defenderam mesmo o contrário: que há carros a mais na cidade - mas foram os únicos com esta posição.
Quartin Graça foi dos que criticaram o número de carros "mal estacionados", como Sá Fernandes, que referiu o "estacionamento desordenado".
O candidato do MPT acrescentou a "imperícia dos condutores" e o do BE defendeu que há "transportes públicos a menos". A questão da quantidade de transportes públicos não foi levantada por mais ninguém.
O candidato do PNR, José Pinto Coelho, mencionou o "péssimo estado geral do asfalto" como obstáculo e, à semelhança de Carmona, lamentou os impedimentos à mobilidade dos peões, sobretudo dos "carrinhos de bebé, idosos e deficientes".
António Costa, que mora em Sintra e chega a Lisboa de carro, declarou que a dificuldade com que se depara, "como toda a gente", é "o trânsito". A ex-socialista e candidata independente Helena Roseta apontou igualmente o "congestionamento de trânsito".
O trânsito foi uma queixa partilhada ainda por José Pinto Coelho, por Pedro Quartin Graça e pelo candidato do PSD, Fernando Negrão, morador de Setúbal, que sublinhou a sua "imprevisibilidade" no que respeita às pontes sobre o Tejo e os frequentes acidentes.
Os candidatos do PND, Manuel Monteiro, e do PCTP/MRPP, António Garcia Pereira, contestaram ambos as "cargas e descargas a qualquer hora do dia".
Garcia Pereira foi o único a criticar as obras na cidade e Monteiro os "semáforos mal regulados e com sinal verde de muito curta duração". O estacionamento "em locais impróprios" foi também apontado por Garcia Pereira e destacado pelo candidato do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, como o "maior obstáculo à mobilidade".
E já agora uma perguntinha, como é que se chegou a este estado? Além da (i)rresponsabilidade individual de anos e anos de impunidade, como foi possível deixar a cidade chegar a isto?
(M Isabel G)

6 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

Alô, António Costa!
Esta também é consigo:

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Que nome dar a esta gente?

Em tempos não muito distantes, acompanhei às urgências de um hospital uma pessoa de família que acabou por lá falecer. Se tivesse lá chegado alguns minutos antes, talvez se tivesse salvo.

Por isso, é com mal contida raiva que - como hoje voltou a suceder - sou frequentemente despertado pelas angustiantes sirenes de ambulâncias do INEM que não conseguem circular devido à espantosa falta de civismo de meia-dúzia de condutores que estacionam os carros em segunda linha e nas paragens de autocarros da avenida onde resido. Em consequência, estes (às vezes mais do que um) têm de parar numa das duas faixas de circulação, fazendo com que as filas de trânsito, que já de si são grandes, fiquem ainda maiores e completamente intransitáveis.

Tudo isso, como é do conhecimento público, é feito perante a mais espantosa inacção das autoridades - quer da Polícia Municipal, quer da Divisão de Trânsito da PSP - o que, suponho, também devo agradecer aos sucessivos Presidentes da Câmara Municipal de Lisboa e ministros da Administração Interna.

Sem subterfúgios, e por muito que o custe dizer:

Todas as pessoas que referi são responsáveis, por acção ou omissão pela morte de pessoas. Isso não lhes tira o sono? Palpita-me bem que não...

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Publicado no "DN" em 22 Nov 05, no "Público/Local" de 23 Nov 05 e no "metro" de 24 Nov 05

Anónimo disse...

E em Telheiras num dos dias de futebol, os paramédicos tiveram que fazer dezenas de metros com uma maca pois a ambulância não pôde passar devido aos caos nos passeios e no meio da estrada.

Não, caro Medina Ribeiro.
Ninguém tem culpa.: "mudança de turno", é o que já ouvi por diversas vezes.

Ou então:
1- O que quer que eu faça?
2- E a Policia Municipal? Porque não faz nada.
3- (...)
4- (...)
mi

Carlos Medina Ribeiro disse...

E qual é a desculpa que dão nas terras (como Lagos, que conheço bem), onde não há Polícia Municipal nem EMEL?

A bandalheira reinante é 100% da responsabilidade da PSP, que se está nas tintas para o estacionamento selvagem, e de toda a hierarquia até ao MAI.

António Costa, para mim, não tem a mínima credibilidade para falar desses problemas.

Anónimo disse...

A irresponsabilidade é tão grande que não têm a noção de que se ocorre um incêndio, os bombeiros não podem passar.
Sinceramente , não percebo o que se passa.

Anónimo disse...

"E em Telheiras num dos dias de futebol, os paramédicos tiveram que fazer dezenas de metros com uma maca pois a ambulância não pôde passar devido aos caos nos passeios e no meio da estrada."

Esse é um dos casos mais gritantes de selvajaria acima da lei: haja "bola" que tudo é tolerado e se polícia aparece é para organizar, para legitimar - não para impedir - esse caos. E, em regra, para jogos de futebol não falta polícia.

A verdade é que um desses tão diabolizados estacionamentos em 2ª fila, passa a ser intocável se o for (ou no eixo de uma rua), mesmo bloqueando automóveis devidamente estacionados, garagens ou outros acessos, impedindo a normal manobra de quem pretender usar essas ruas, escavacando vegetação, se o seu fundamento for "a ida à bola", esse novo culto religioso acima de todos os outros.

Mas como é futebol, duvido que alguém levante o assunto, enquanto tema eleitoral. E veja-se o que se passa na Luz ou em Alvalade - a dimensão da barbárie instalada em dia de jogo: facilmente se lhe reconhecerá (se deveria reconhecer) a dimensão de Problema para a cidade. Para aquelas zonas da cidade, pelo menos.

Levante-se ou não esse tema, por aí, aposto, vai tudo ficar na mesma. Com um bocado de "sorte" são os próprios candidatos a estacionar os seus carros de qualquer maneira, em dia de jogo...

Costa

Anónimo disse...

Esse é um dos casos mais gritantes de selvajaria acima da lei: haja "bola" que tudo é tolerado e se polícia aparece é para organizar, para legitimar - não para impedir - esse caos. E, em regra, para jogos de futebol não falta polícia.

Não falta polícia? Dentro do campo, não seguramente.