quarta-feira, abril 23, 2008

Autarcas querem cidadãos participativos

"Autarcas querem cidadãos participativos (no DN): Decisões políticas serão eficazes se partilhadas pela comunidade
Motivar os cidadãos a envolverem-se na vida democrática e encorajá-los a participarem nas decisões políticas é o objectivo da campanha Cidadania Activa ontem lançada no Barreiro pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
Os autarcas assumem responsabilidades na alienação social: "durante muito tempo acomodámo-nos". O mea culpa do presidente da ANMP, Fernando Ruas, em declarações aos jornalistas à margem do encontro, serviu de mote ao lançamento da campanha que pretende devolver aos cidadãos a intervenção nas escolhas e no planeamento das suas comunidades.
Mais do que esperar que as populações se dirijam à câmara, são os autarcas que prometem ir ao encontro das pessoas, escutando-lhes aspirações e anotando as suas preocupações. Orçamentos participativos, atendimentos públicos, reuniões de câmara e assembleias municipais descentralizadas, visitas temáticas e o melhoramento das acessibilidades de comunicação com os decisores (presidentes e vereação) são compromissos assumidos pelos autarcas sem esperar por eleições, "porque a democracia não se constrói só de quatro em quatro anos, com o voto".
O envolvimento autarquias/escolas é outra promessa do projecto por uma cidadania activa. E esse foi um aspecto enaltecido pelo neurocirurgião João Lobo Antunes, convidado de honra da cerimónia, porque permitirá "treinar as crianças e jovens para a participação democrática". Enquanto mandatário das candidaturas presidenciais de Jorge Sampaio e Cavaco Silva, o neurocirurgião descobriu um País carente de participação cívica e reconheceu nos autarcas semelhanças com os médicos por "criarem esperança".
A ideia da campanha, sublinhou, nasceu do "divórcio entre a vida política e as pessoas" cada vez com menos tempo no quotidiano para dedicarem à comunidade. "Há qualquer coisa que nos está a fechar em casulos impermeáveis de ansiedade e de preocupação", disse Lobo Antunes, lançando o repto aos autarcas para se afastarem de um certo "pensamento paroquial". O neurocirurgião lembrou um episódio de ineficiência quando, há anos, em conversa com um governante a quem fizera sugestões de serviço, este o ouviu e à laia de despedida lhe disse ponha lá isso por escrito. "É evidente que não pus, pois a frase era sinónimo de que não iria fazer nada", esclareceu o médico, advertindo para a necessidade de os cidadãos sentirem que estão mesmo a participar nas decisões. "A cidadania exerce-se com talento de cada um", rematou.
Realçando a preocupação com o abstencionismo, Fernando Ruas reafirmou a determinação das autarquias em travar este combate pela cidadania activa, lembrando que nesta como em outras políticas (como a discriminação positiva de incentivo à natalidade) os municípios têm demonstrado estar na linha da frente. "
(ISABEL G)

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