A Escola do Bairro de S. Miguel, inaugurada em 1956, é da autoria do Arqº Ruy Jervis Athouguia (1949-1953), e esta era a ala dos rapazes.
Este é o alpendre, onde nos abrigávamos do mau tempo, durante o recreio, e onde fazíamos fila, também. Saudades dos berlindes, do bibe e das joelheiras nas calças.
A minha sala de aula, no rés-do-chão, onde tive um grande professor, o Professor Sá, que me deu a 1ª, 2ª, 3ª e parte da 4ª classe, sendo substituído depois do Natal, quando assumiu funções na inspecção-geral. As 2 filas de trás eram reservadas aos repetentes (lembro-me do Machado, do Esteves e do Rui, filho do dono da Dázinha). Saudades da sebenta, dos mapas na parede, daquelas carteiras, de alguns colegas (do Lúcio, do Demoni, do Cayatte, do Renato e do Freitas) e até das ponteiradas na orelha. Palmatória? Só uma vez.
Lá em cima era o 1º andar, com mais quatro salas iguais às do meu piso. Raramente subia aquela escada, mas a barulheira era mais que muita.
Estas eram as casas-de-banho, e embora não pareçam eram bastante asseadas; tomara que ainda o sejam.
27 comentários:
Atenção, Paulo, as imagens não estão a aparecer - pelo menos no meu PC
Sucedeu o mesmo com as que eu afixei (do Molero), e tive de as meter hoje novamente.
Obrigado, Carlos, mas eu estou a vê-las ... talvez seja o sistema que tem vírus, vou deixar correr...
(...) um relato fora do comum, de um edifício fora de série, de uma geração de arquitectos (creio que também é da autoria do arq. Vítor Palla) verdadeiramente exemplar, muito à frente do seu tempo!
.....sim senhor, excelente trabalho do amigo arquitecto. Aquela sala de aulas é uma delícia. Espero que tratem esse edifício com todos os mimos.....
JA
Não posso deixar de me regozijar com este poste que tanto me diz.
Esta foi a minha Escola, no mesmo período do postador só que, sendo menina, o meu 'lado' era o outro, com mais verde e com um jardineiro terrível que poria um qualquer Mr. Krugger num chinelo.
Hoje foi/é a escola dos meus filhos, pelo que é bastas vezes revisitada.
A magia está lá ainda e a consagração como uma das(senão a)melhores escolas públicas de Lisboa.
Um autêntico Colégio, com uma mistura saudável de meninos, em cores, culturas e classe social.
(adorei a lembrança da Dázinha e dos seus belos frangos assados :D)
A/C. André Bernardes
Com efeito, o arquitecto ainda não estava deslumbrado com os arranha-céus de São Paulo, pelo que ainda não tinha feito aquele mamarracho em Cascais, que dá pelo nome de Torre do Infante e que foi "o" precedente para uma série de outros mais que continuam a ser construídos ali, para grande pena minha.
A/C. Dinada
Lembro-me que só podíamos conviver com as meninas do outro edifício quando o "rei fazia anos" ... já os frangos da Dázinha eram de facto óptimos ... hoje é comida supostamente inimiga do colesterol, mas é só um "supônhamos", claro, pois a ASAE ainda não se lembrou de lá ir;-)
Eu nem me lembro desses dias de 'aniversário do Rei' :D
Não me lembro de ter pisado solo do género masculino até ser adulta e o destino me per pproporcionado 3 'pilas' como filhos :D
De qualquer maneira, o Prof. Sé foi o mestre do meu irmão, um ano mais velho que nós.
Sabes uma coisa gira?
A nossa geração, de 64, foi pródiga em profissionais conhecidos. A Maria Flor Pedroso, da minha turma, era a minha melhora amiga. Bom, a Felipa Garnel também, mas noutro registo :D:D:D
Bons tempos. Saudades!
E, hélas, a Dázinha já não existe, para que conste. Agora há lá uma coisa chamada Biovitaminas (belhéque), em que até o pão é saudável...tristeza.
Só por curiosidade conto-te que sempre vivi no Bª de S. Miguel dos 0 aos 22 anos. Depois fui viver para Arroios (Deus nos livre), depois Estocolmo 3 anos e, durante 11, nos Anjos, num prédio lindo com um jardim maravilhoso.
Há 5 anos voltei à 'base'. Vivo hoje num andar arrendado, no mesmo Bº que me viu nascer, e os meus garotos percorrem os mesmos caminhos da minha infência. Curioso, não?
E tal!
(e não sei que raio tenho contra os 'a's...apre)
A/C. Dinada
Obrigado por me tirares 1 ano, mas sou mesmo de 63.
Paulo,
As imagens já apareceram, mas agora desapareceram outra vez.
Curiosamente, são só as deste post.
Então foste colega do meu mano. Ele é de 63 e do Prof. Sá.
Miguel de Pinho Abranches de Almeida :)
Em passeio por aqui e por que P Ferrero visitou o blog que tento alimentar da escola, descubro alguns pontos em comum:
Também sou de 63, não andei nesta escola mas já lá tive um filho e agora uma filha no 1º ano e a escola não é a mesma, seguramente que não é...
Aliás o "esquema" ensino mudou radicalmente neste ano lectivo...
TA
Não tive o prazer de frequentar esta escola que, enquanto edifício, é uma obra prima da arquitectura portuguesa dos anos 50! Nos anos 70, 80 e 90 ergueram-se escolas horríveis por todo o lado. Naquele tempo investia-se na arquitectura, nos jovens arquitectos. Esta escola tem de ser classificada! Porque é que os antigos alunos não se juntam e entregam um pedido ao IPPAR? Fica o desafio.
s/ quebrar o rol de memórias e de recordações ;) cá vai a resposta ao comentário: «(...)ainda não estava deslumbrado com os arranha-céus de São Paulo, pelo que ainda não tinha feito aquele mamarracho em Cascais, que dá pelo nome de Torre do Infante (...)»
porque é que uma torre tem de ser sempre vista como 'um mamarracho'? porque é que esse termo é atribuído em função da altura, por ter mais uns quantos andares, e não pela (fraca) qualidade de projecto, devido à relação com a envolvente, à sua concepção formal, desde o hall de entrada ao desenho dos apartamentos e grelha de fachada...é que na dita torre, tudo parece coerente com o cumprimento destes últimos pressupostos?
Por falar em bons exemplos, não se deveria deixar de referir outros edifícios (que continuam actuais, apesar da usura dos usos ; ) na praça de Alvalade, os mais lineares, ou a própria Gulbenkian (em co-autoria) ou ainda outra escola, neste caso, secundária, ou Liceu Padre António Vieira, ali para os lados de Alvalade, capaz de gerar mais uns quantos momentos de nostalgia -coisa para a qual o Athouguia não teria queda?- o que a arquitectura não faz...ao ajudar a construir a nossa própria identidade!
A/C. André Bernardes
A Torre do Infante é uma mamarracho porque está no meio de uma zona de vivenda. Serviu de precedente para uma série de mamarrachos que defiguraram por completo Cascais (isto independentemente de ser uma torre com linhas bem interessantes e pormenores requintados e modernos, nos interiores... dizia-se até que o arquitecto tinha reservado o último andar, e que o piso se movia... patetices, creio. Assim como serão mamarrachos o novo Estoril-Sol e tudo aquilo que estraga a beleza serena de cascais ... importar os prédios de São Paulo dos anos 60 para Cascais é a mesma coisa que importar os vidros e os edifícios espelhados de La Défence para a Marginal ... mas parece que há quem pense o contrário ... o pior é que depois de construídos dizem sempre que não hádinheiro para os deitar abaixo ... eu acho que é mas é aqulio que o Alberto João dizia, mas enfim;-)
Paulo Ferrero
Caro Paulo Ferrero,
respeito a sua opinião tal como a de outra pessoa que se possa indignar com as construções que aparecem por aí -ainda há uns tempos atrás fui eu próprio a manifestar-me contra 'aquilo' que foi feito da D. Bosco, uma 'coisa' tão grosseira, que serve de contra-exemplo, até porque nem precisa que se conte quantos andares tem ; )
Agora, que na minha opinião, aquela torre está ali muito bem, porque do lado dos prédios (oposto ao mar, e em contraponto das moradias), no arranque da av.da com o mesmo nome (?) e que é de pormenores de desenho e de engenharia soberbos, no sentido de um certo esplendor estético, lá isso é...
tomara o Miterrand quando, numa senilidade ao estilo do Alberto João (falamos do desbocado da Madeira?), andou a desfigurar a cidade-luz!
não consigo olhar para as imagens da minha antiga escola sem me sentir amargurado: quanta réguada ali levei! quanta brutalidade a dos professores e a das regentes analfabetas! quanta estupidez, quanto atrazo! um belo edifício sem dúvida, do melhor que se construiu no país. Para quê? Sou de 56 e ainda hoje encontro vítimas desta malfadada escola de estupidez e tortura. Moral da história: a arquitectura não interessa rigorosamente nada, não salva nada nem ninguém da mediocridade e do abuso; eu teria trocado a minha bela escola pela sombra de uma árvore, se à sombra dessa árvore um mestre compassivo e inspirador me ensinasse; sem palmatória. Deitem essa escola de má memória abaixo!
Nuno Bahia
Discordo, embora compreenda! -eu explico porquê- não por questionar a veracidade da estória, ou do suposto atraso pedagógico, de alguns, poucos, com certeza, responsáveis por outras tantas más memórias, mas porque seria um enorme erro, agora, implicarmos a arquitectura, culpando-a dos maltratos doaqueles que a usam, quando toda ela é o que podemos ver, luminosa e equilibrada... donde, claro que 'interessa', na medida que, a geração que dela saiu, já não seria capaz de...perpetrar mais 'brutalidades'!?
A/C. Nuno Bahia
Credo. Como é possível que no espaço de menos de uma década tivessem desaparecido essa brutalidade e esse analfabetismo?!! Tem a certeza que não acabou de ler Dickens?
Paulo Ferrero
(...) creio q aquela escola só poderia ter na sua biblioteca obras na onda de um Rousseau ;)
mas, vendo bem, o idealismo até era levado muito a sério entre os modernistas, acabando por justificar muitas, muitas outras... q tais.
(...)mesmo a propósito;)
«As crianças eram seres sem pecado, original que a sociedade corrompia através das suas normas. Rousseau rejeitava as ideias de Locke, para quem as crianças deviam ser gradualmente introduzidas no mundo da racionalidade. Levada à sua conclusão lógica, a doutrina de Rousseau acaba no totalitarismo. Os homens tinham de ser felizes, mesmo que a isso tivessem de ser forçados. Já que não se podiam manter selvaticamente bons, entre as florestas primitivas, competia à escola conduzi-los até si mesmos. Ora, quem melhor do que os professores para os encaminhar até à Luz? Rousseau introduziu a ideia de que a criança era um botão de rosa. Ao professor competiria estrumar a alma infantil. Foi assim que a Pedagogia substituiu o Saber». Maria Filomena Mónica
Curioso....compartilho as memórias de Nuno Bahia, na mesma altura, mas em outra escola primária de Lisboa. A reguada....não tinha números, era até começar a chorar. Mas os verdadeiros doentes mentais, encontrei-os no Liceu Camões, em 1967-69. Havia ali professores que eram autênticos sadistas. Se tivesse que escolher hoje, escolhia a reguada.....era mais honesta. Creio que as coisas depois mudaram....passados poucos anos.
JA
A/C. Paulo Ferrero
Pode estar certo que, pelo menos de 63 a 67, anos em que frequentei esse recinto de tortura que dava pelo nome de escola primária do bairro de S. Miguel, a violência e o abuso eram prática corrente. E não me estou a referir ao ‘la vamos cantando e rindo..’ ensinado em formatura no recreio coberto aos sábados, estou-me a referir ao erro gramatical crasso, à estupidez e à violência em que os ‘mestres’ eram pródigos. Não sei se, no espaço de uma década, tudo se transformou num mar de rosas, talvez, talvez tenham morrido aquelas duas duas carcaças que me fizeram a vida negra (a mim e a todos os meus colegas).Ainda bem para si e para a geração de 63, espero que tenham todos sido muito felizes. Agora a mim, não me venham com fotografias do ‘campo de concentração’ de S. Miguel! E não me venham com essa da grande qualidade arquitectónica: abram uma revista de arquitectura brasileira do pós-guerra e esolas primárias de S. Miguel é ao pontapé...Algumas até bem melhores. Juizo malta! A chamada arquitectura portuguesa de qualidade dessa época é o que é: cópia acrítica, mediania, mediocridade. E podia lá ser outra coisa? Ora tenham juizo e deitem abaixo esse mamarracho de má memória!
Nuno Bahia
OK, eram de facto duas escolas completamente diferentes, a sua da minha. Acredito (e). «A chamada arquitectura portuguesa de qualidade dessa época...»? DESTA época, tb.;-)
Paulo Ferrero
(...) afinal o Rousseau errou (até rima!) pq se existem rosas (q por vezes picam) tb há cardos (q só nasceram para picar) q por natureza o hão-de ser sempre...
Tal como escreveu Duarte Pacheco, "nada espelha melhor o grau de civilização de uma sociedade do que as suas cidades", por isso, com testemunhos como os anteriores, que apenas revelam a mentalidade de quem os faz, fica perfeitamente explicado pq é que temos o q temos, pq é tanta a irresponsabilidade, o juízo fácil, sempre pronto a desdenhar o nosso melhor, com o absurdo de nesta, como noutras áreas, o reconhecimento ser tardio e acabar por vir do estrangeiro!?
e aí sim, com alguma contrariedade, resistência, mal estar (?)lá se aceita q neste pequeno quintal, por vezes, também é possivel nascerem rosas ;)
AB
SIMÃO.
Que saudades, Deus meu! Fui aluno do Professor Sá, de 66 a 69. Em 65 fui aluno do Prof Lopo que teve um acidente e nos deixou uns meses (semanas?) sem aulas! Depois foi esse senhor. Ainda hoje afirmo que o melhor de mim a ele o devo. e os colegas? O Martins da Silva, o Rafael Espírito Santo, o Dias (como desenhava bem!), o Lourenço, o Pena, o Calazans (Ah! meu amigo de rebeldia Calazans!), o Janeiro (já só na quarta classe e hoje padrinho de um filho meu). Qua saudades! Professor Sá: acho que nunca lhe agradeci o suficiente. Que Deus O tenha! Merece o céu.
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