sexta-feira, março 02, 2007

«Ippar dá luz verde a torre de Norman Foster em Santos» (*)


Esta é uma das maquetes exibidas por Norman Foster (de quem sou fã incondicional) aquando da sua passagem por Lisboa, e refere-se ao projecto para a Boavista, cujo foco de polémica assenta em dois pontos: o facto do projecto poder vir a ser um forte obstáculo ao sistema de vistas, especialmente de e para o rio; e este campanile que Foster projectou para a "sua" praça (foto em baixo), e que está a pôr algumas mentes completamente baralhadas.


Para mim há ainda duas dúvidas adicionais: haverá dinheiro do promotor para levar este projecto avante? porque é que este projecto desapareceu por completo do site de Foster? Humm, mau sinal.

(*) In DN

12 comentários:

André Bernardes disse...

(...) a resposta poderá estar nesse outro ângulo de visão (que não terá a ver com torres high-tech) que passa por ter de percorrer esse verdadeiro calvário para conseguir concretizar no actual sistema o que quer que seja, e que além de inoperante, nem sequer evita (se calhar até os incentiva!) os tais maus resultados, expressos nos episódios de insatisfação que preenchem este espaço...nem permitem desdenhar propostas válidas e urgentes - veja-se o tão rapidamente esquecido plano de intervenção para a Baixa-Chiado!

André Bernardes disse...

(...)ou, queria eu dizer! permitem desdenhar propostas válidas e urgentes...como esta do Foster.

Anónimo disse...

Ah, deve ser de trás da orelha uma pessoa ir ali ao miradouro de Santa Luzia e ficar com essa maravilhosa torre a tapar a paisagem do Tejo!!!

Mal posso esperar por essa fabulástica visão.

Anónimo disse...

o projecto continua no site do Foster, basta entrarem no site dele (http://www.fosterandpartners.com) irem a "News" - 2004 e aparece lá o projecto da "Boavista Lisbon" 09/02/2004

(o 1º a contar de baixo)

Anónimo disse...

Quem já baralhou tudo foi o Sr. Foster:

"space enclosed by medium rise buildings and a signature residential tower."

e umas linhas depois.....

"In scale and dimensions the combination of square and tower has parallels with the Campanile and Piazza of S. Marco in Venice."

Torre de habitação na Boavista e campanil em Veneza?......please
Mr. Foster!

JA

André Bernardes disse...

(...) já pode escrever a odisseia de um Lorde Estrangeiro!
-campanário ou paliteiro(!), serão figuras de estilo equivalentes, para caracterizar a intenção de um marco urbano, um edifício singular -de autor, seja!- que, tal qual o elevador de St. Justa há uns séculos atrás, não deve ser visto como um perigoso predecente, que põe em risco a norma geral, justificação para outros que tais...

Paulo Ferrero disse...

Tem toda a razão, MB, está na secção "News" mas deixou de estar em "Projects"; esquisito.

rui disse...

"campanile"!
não é estranho que eles continuem a dar nomes "neoclássicos" às coisas?
Se calhar a memória descritiva até é um hino às "pré-existências", à "envolvência" e à forma como o projecto delas tira inspiração.
Penso que ninguém de bom senso põe em causa a necessidade de uma requalificação daquela zona da cidade.
e ninguém de bom senso espera que uma solução "idealista" baseada numa noção do "interesse público" que exclua como lepra investidores, lucro imobiliário, etc. seja séria e concretizável.
Mas será mesmo mesmo necessário para se investir nestas zonas que as volumetrias propostas sejam em geral tão despropositadas e atentórias do carácter da cidade, sobretudo da zona ribeirinha da cidade? Já nem me pronuncio sobre a arquitectura... o sr. norman foster, "sir", como é de bom tom ser designado pelos plebeus e restantes aspirantes a súbditos reais, é especialista em gasómetros e fábricas de cimento habitáveis, mas como algumas pessoas gostam...
e já nem vale a pena insistir ( já foram abaixo em parte...) na qualidade arquitectónica, na harmonia e simplicidade de proporções dos armazéns que existiam na zona que poderiam ter servido de mote a uma espectacular reconversão em habitação de luxo ( sim, de luxo, qual o problema, já estou por tudo desde que se consiga manter um mínimo de qualidade hurbana da qual beneficiem não só quem está dentro dos edifícios mas também quem passa na rua )ou hotelaria por exemplo, um pouco como se fez, julgo que com sucesso com a antiga osram um pouco mais à frente na 24 de Julho.

Anónimo disse...

.....e estranho é quando um arquitecto tão conceituado, necessita de recorrer a "paralelas" deste tipo, para ancorar o seu projecto......

JA

André Bernardes disse...

...talvez seja a bagagem clássica de formação, a Italia idealizada, ou simplesmente as conversas com o Richard Rogers (outro high-tech, o do Pompidou ;) evocando os arquétipos de sempre que, por serem isso mesmo, se mantêm independentemente do local, da época, ou das linguagens.

- o que é estranho é tanto abespinhamento!?

sem cair em adorações basbaques ;)pelo que vem de fora (q chega a pôr em causa a nossa portuguesíssima calçada!), neste caso concreto, Lisboa deveria estar orgulhosa por ver renovado o seu património...c/ este conjunto do 'sir arquitecto' (p/ ser lido assim e rapidamente ;)

rui disse...

na pequena quota parte que me toca na discussão destas coisas, penso que não se trata de abespinhamento, é sobretudo preocupação. afinal de contas não é o concurso de construções na areia. é apenas o edifício mais alto a construir na cidade numa extensão de vários quilómetros.
claro que é apenas uma preocupação de um indivíduo anónimo.
e o problema não é, quanto a mim, como mero utilizador anónimo da cidade, a alteração do sistema de vistas. podem admitir-se edifícios de maior volume que pontuem a paisagem urbana, estabeleçam novas perspectivas e referências, etc...acho isso útil até, porém, não é obrigatório recorrer à recente panaceia de quem tem a oportunidade de intervir na cidade... a torre, e tem de ser da ordem dos cem metros ou não é ninguém.
Sabendo a forma como a "excepção" tem tendência em Portugal a espalhar-se como fogo na pradaria, sobretudo quando isso tem um valor acrescentado, não é preciso muita imaginação para esperar pelo que se seguirá. Quando a prática se banalizar, poderão depois fazer descansar as estrelas e chamar arquitectos banais (como os que fizeram as Kaabas do técnico) e baratos.
E quem realmente acredita que a ocupação em altura "libertará espaço para jardins" pode esperar sentado. Apenas posso concordar que a frente de rio a subir em altura criará uma nova relação entre este e a cidade: o divórcio;)

Anónimo disse...

...pois é, o truque é conhecido. Arquitecto conceituado.....abre caminho com "campanil de habitação"....e depois vem o resto atrás. E afinal de contas, qual é o problema de criar algo novo, à escala do que já lá está, e vai ficar? Ou é tarefa difícil de mais para o Sr. Foster? Ou alguém acredita, que o mesmo, se atreveria a projectar uma torre de 100 metros, para o centro histórico de.....Roma ou Veneza?


JA